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UE recua na proibição total de motores de combustão a partir de 2035: O que muda para o mercado automóvel em Portugal?

Comissão Europeia flexibiliza meta de 100% para 90% de redução de emissões. Híbridos plug-in e e-fuels continuam permitidos após 2035.

A Comissão Europeia anunciou esta semana uma mudança significativa na legislação climática para o setor automóvel: em vez da proibição total (100% de redução de emissões) na venda de novos carros com motor de combustão interna a partir de 2035, a meta passa agora para uma redução de 90% nas emissões de CO2. Esta flexibilização abre a porta à continuidade de híbridos plug-in (PHEV), mild hybrids e até alguns motores de combustão com combustíveis sintéticos (e-fuels) ou neutros em carbono após 2035.

Veículos elétricos em carregamento, simbolizando a transição energética na UE
Anúncio da flexibilização da proibição de motores de combustão na UE

Esta decisão, revelada a 16 de dezembro de 2025, surge após forte pressão da indústria automóvel europeia – especialmente da Alemanha, Itália e fabricantes como Volkswagen, Stellantis e Renault – que alertavam para perdas de empregos, multas bilionárias e dificuldade em competir com marcas chinesas e americanas no segmento elétrico puro.

Porquê esta mudança agora?

A proibição original, aprovada em 2023, era um pilar central do "Green Deal" europeu para atingir a neutralidade carbónica em 2050. No entanto, a transição para os veículos 100% elétricos tem sido mais lenta do que previsto:

  • Vendas de EV na Europa estagnaram em 2025 devido a preços elevados, falta de infraestrutura de carregamento e corte de incentivos em vários países.
  • Fabricantes europeus enfrentam concorrência feroz da China (BYD, XPeng) e dos EUA (Tesla).
  • Pressão política de países como Alemanha (casa da VW, BMW e Mercedes) e Itália (Stellantis/Fiat) para proteger empregos na cadeia de fornecimento de motores de combustão.

A nova proposta permite que 10% das vendas novas após 2035 sejam veículos com emissões compensadas, através de:

  • Híbridos plug-in com maior autonomia elétrica.
  • Motores de combustão usando e-fuels (combustíveis sintéticos produzidos com energia renovável).
  • Créditos de carbono ou tecnologias de captura de CO2.

O pacote ainda precisa de aprovação do Parlamento Europeu e do Conselho, mas é esperado que avance rapidamente.

Carregamento de veículo elétrico com bandeira da União Europeia
Transição energética na Europa: elétricos vs. opções híbridas

Impacto em Portugal: Mais opções e incentivos mantidos?

Em Portugal, onde os veículos elétricos representam cerca de 20-25% das vendas novas em 2025 (dados ACAP), esta flexibilização pode trazer várias consequências positivas para os consumidores:

  • Mais escolha no mercado: Marcas como Toyota, Renault, Peugeot e Volkswagen poderão continuar a oferecer híbridos acessíveis, que dominam as vendas nacionais (ex: Toyota Corolla, Renault Captur híbrido).
  • Preços mais competitivos: Sem a pressão exclusiva para EV puros, os preços de híbridos e plug-in podem baixar, beneficiando famílias portuguesas sensíveis ao custo.
  • Incentivos mantidos: O Fundo Ambiental português continua a apoiar elétricos e híbridos plug-in em 2026 (candidaturas abertas recentemente com milhões disponíveis). Esta mudança europeia não afeta diretamente os incentivos nacionais, mas pode prolongar apoios a PHEV.
  • Indústria nacional: Portugal produz componentes para motores de combustão e híbridos (ex: fábricas VW Autoeuropa em Palmela). A manutenção de alguma produção de combustão protege empregos.
Fábrica Volkswagen Autoeuropa em Palmela, Portugal
Fábrica VW Autoeuropa em Palmela: proteção de empregos com flexibilização

Por outro lado, ambientalistas criticam a decisão como um recuo nas metas climáticas, argumentando que atrasa a transição necessária para reduzir emissões no transporte – responsável por grande parte da poluição em cidades como Lisboa e Porto.

Ford Kuga Plug-In Hybrid, um dos PHEV mais vendidos na Europa
Exemplo de híbrido plug-in que beneficia da nova regra

O que dizem os fabricantes?

  • Volkswagen: "Pragmático e alinhado com a realidade do mercado."
  • Stellantis (Peugeot, Citroën, Opel): Apoia a flexibilidade para PHEV.
  • Tesla: Crítica implícita, pois beneficia exclusivamente de EV puros.
  • Associações portuguesas (ACAP, AFIA): Veem com bons olhos a manutenção de opções híbridas, que representam a maioria das vendas em Portugal.

Prós e Contras desta flexibilização

  • Mais opções para consumidores portugueses (híbridos mais baratos e práticos para longas distâncias).
  • Proteção de empregos na indústria automóvel europeia e portuguesa.
  • Transição mais gradual, evitando choques no mercado.
  • Manutenção de modelos desportivos premium com combustão (ex: Porsche, Jaguar teasers recentes).
  • Atraso na redução real de emissões de CO2.
  • Menos pressão para investimento exclusivo em elétricos.
  • Risco de dependência continuada de combustíveis fósseis disfarçados.
Infográfico comparativo entre carro a combustão e elétrico
Comparação entre motores de combustão e elétricos

Conclusão: Um equilíbrio pragmático ou recuo climático?

Esta mudança representa um compromisso entre ambição climática e realidade industrial. Para os portugueses, significa mais variedade no stand em 2035 – provavelmente com híbridos plug-in eficientes a dominar ao lado dos elétricos puros. Marcas como Jaguar (com novo GT elétrico teaser), Nissan Nismo (conceitos elétricos) e Tesla (Cybertruck cada vez mais visível na Europa) continuam a apostar forte no elétrico, mas agora com concorrência "híbrida" permitida.

O que acha desta decisão da UE? Acha que Portugal devia manter incentivos fortes só para elétricos puros, ou apoiar mais os híbridos? Partilhe a sua opinião nos comentários ou no fórum do AutoHoje – a discussão está ao rubra!

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